O homem que silenciou mais de 200 mil pessoas em 1950. Responsável por um dos maiores desastres futebolístico já registrado no mundo ao marcar o gol da virada no triunfo celeste sobre os brasileiros por 2x1, Alcides Ghiggia completa neste 22 de dezembro, 87 anos de idade, sendo o único sobrevivente da seleção bi-campeã do mundo dentro do Maracanã.
Ghiggia ficou conhecido pelo seu famoso gol, mas muitos devem se lembrar que o então ponta-direita titular da seleção não era apenas mais um dentro daquele grupo. Ele havia chegado a titularidade da Celeste há apenas quatro meses, graças as suas atuações com a camisa do Peñarol donde jogava desde 1948. Apesar de terem nomes mais conhecidos atuando ao seu lado como Roque Máspoli, Juan Schiaffino e Obdulio Varela, era ele que atuava como a verdadeira estrela uruguaia.
Veloz, driblador e extremamente ágil, Ghiggia era destaque desde o início da carreira. Começou a jogar em 1945 com a camisa laranja do Sud América. Chegou a fazer testes no Atlanta-ARG, onde não foi aprovado. Azar dos argentinos e sorte dos uruguaios, que passaram a ver o ponta a jogar agora pelo time de coração de sua mãe, o Peñarol.
Franklin Morales descrevia bem como era Ghiggia dentro de campo. ''Ele tinha uma passada larga, que era impossível o fazer parar. Além disso, ele tinha uma incrível coragem pra ir pra cima dos zagueiros. Quanto mais batiam nele, mais ele queria encará-los. Nunca se viu um ponteiro como Alcides.''
Um ano antes da Copa, Peñarol formou um verdadeiro esquadrão que tinha Ghiggia como uma de seus astros na linha de frente, que ainda tinha Oscar Míguez, Ernesto Vidal, Juan Alberto Schiaffino e Juan Hohberg. Ficou no clube por cinco anos, onde finalmente rumou para a Europa onde ia jogar com a camisa da Roma.
Chegando como a primeira grande contratação da equipe romana após a Segunda Guerra Mundial, Ghiggia iria se transformar em um dos maiores jogadores que já passaram pelo clube, apesar de ter vencido apenas a Copa de Feiras (equivalente a Copa da UEFA e Europa League). Foi tão bem que vestiu a azzurra por dois anos, entre 1959 e 1961, não participando de nenhuma Copa do Mundo. A Liga Italiana só iria vir com a camisa do Milan em que passou a envergar a partir de 1961, onde ficou apenas uma temporada.
Em grande passagem pelo futebol italiano, Ghiggia retornou ao Uruguai já veterano, com 34 anos de idade. Ainda assim, era acima da média na posição e ajudou bastante sua nova equipe, o Danubio. Foram passados seis anos e a aposentadoria veio tarde, com 42 anos de idade.
Depois de pendurar as chuteiras, Ghiggia teve de recorrer aos empregos comuns presentes em qualquer país. Como o futebol não havia sido profissionalizado no Uruguai e se ganhava muito pouco no que não era possível se sustentar até o fim da vida, o ponteiro-direito virou inspetor de um cassino até sua aposentadoria. Ainda assim, nem de longe apagará uma história de sucesso feita pelo lado direito do campo, infernizando as defesas adversárias.
Eterno Alcides Edgardo Ghiggia!
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