sábado, 26 de outubro de 2013

TRAJETÓRIA DO NACIONAL TRI-CAMPEÃO DA AMÉRICA.


''El Hugo, el Hugo, el Hugo, GOOOOOOL!!!'' Carlos Muñoz, narrava assim há exatos 25 anos, o gol de penalty marcado pelo eterno capitão tricolor, Hugo de León. Terceiro e derradeiro gol, que dava ao Nacional sua terceira Copa Libertadores da América, e levava alegria ao seu torcedor após quatro anos sem nenhum título conquistado.

Anos anteriores a 1988 haviam sido difíceis ao Nacional. Dois vice-campeonatos uruguaios e a recém conquista do Peñarol um ano antes mostravam que a torcida estava impaciente e queria ver os resultados aparecerem em campo. Mas estava claro que a simples conquista de um torneio nacional não seria o suficiente. Tanto o clube quanto seus aficionados queriam mais, e para ser assim, o único método era a conquista de mais uma Copa Libertadores.

A montagem do grupo que depois se tornaria campeão da América passava pela chegada de um treinador vencedor e com capacidade para lideram um elenco a uma conquista de tanta magnitude. A escolha foi pro Roberto Fleitas, que mesmo sem muita experiência, havia montado a base do Central Español que seria campeão uruguaio um ano mais tarde, em 1984. Depois fora escolhido como treinador da Celeste e levou a seleção a conquista de mais uma Copa América, em 1987.

Juntamente com Fleitas, a diretoria passou a trabalhar no plantel. Da base campeã, poucos estavam no clube há mais de um ano. O volante Santiago Ostolaza e o lateral José Luis Pintos foram os únicos que ficaram. Todo o resto foi reformulado e várias contratações tiveram de ser feitas. Goleiro titular foi Jorge Seré, contratado do Danubio. Felipe Relevez e William Castro vinham do Bella Vista, Jorge Cardaccio chegava do futebol venezuelano, Ernesto Vargas fora vendido do rival Peñarol e Juan Carlos de Lima estava no Botafogo.

Mas ainda assim, faltava alguém. Um líder, um ídolo, precisava estra naquele grupo. E para o elenco ficar completo, chegava Hugo de León. Cria do clube e ícone, vinha de uma fantástica passagem pelo futebol brasileiro, onde tinha ganhado tudo com o Grêmio. Saiu em 1980 do Nacional deixando ao clube a conquista da América, e chegava novamente com a promessa de mais uma.

Na fase de grupos os tricolores caíram junto de seu companheiro uruguaio, Wanderers, e com os colombianos América de Cali e Millonarios. Início não foi o esperado, conquistando apenas um empate de 0x0 com os boêmios. Mas os jogos seguintes indicavam que a primeira rodada tinha sido apenas um tropeço. Nas três partidas seguintes, três vitórias: 2x0 no América de Cali, 4x1 no Millonarios e 1x0 sobre o Wanderers, todas em Montevidéu.

Sem perder com quatro rodadas e líder do grupo, Nacional já estava praticamente classificado e se deixou relaxar nos jogo seguintes. Relaxou tanto que sofreu uma goleada do Millonarios por 6x1 na Colômbia em um jogo totalmente atípico. A derrota causou certa desconfiança mas não custou a vaga na fase seguinte, assegurando a segunda colocação depois de empatar sem gols contra o América.

Na segunda fase, o adversário seria o chileno Universidad Católica. Em um sistema de cinco chaves com os outros nove times classificados, o Nacional poderia até cair com o Peñarol na classificatória seguinte, já que o campeão tinha vantagem entrando mais tarde na competição. Em dois jogos, dois empates: 1x1 no Chile e 0x0 dentro do estádio Centenário. Pelo critério adotado de gols fora-de-casa, os tricolores se aproveitaram a avançaram de fase junto do América-COL, Oriente Petrolero-BOL, San Lorenzo-ARG e Newell's Old Boys-ARG.

A terceira fase continha os times classificados mais o Peñarol. Adversário tricolor seria o Newell's Old Boys que acabou sendo um adversário extremamente complicado. Em Rosário, primeiro confronto terminou em 1x1, com Juan Carlos de Lima abrindo o marcador ao Nacional, mas tendo o empate no decorrer do tempo. Em Montevidéu, vitória por 2x1, com gols de Santiago Ostolaza e Yubert Lemos. Los Bolsilludos se classificavam para as semi-finais e a cada partida reafirmavam seu poderio.

Com o regulamento prevendo que o melhor derrotado da terceira fase passava para as semi-finais, o Newell's também fora classificado. Uma disputa entre argentinos envolvendo La Lepra e o San Lorenzo, que derrotou o Peñarol. Rival do Nacional seria seu velho conhecido na competição, América de Cali, que se classificou junto com o clube na primeira fase. No retrospecto do torneio, uma vitória a favor dos uruguayos e um empate.

Em dois jogos duríssimos, Nacional repetiu o que havia feito. Vitória magra com gol de Yubert Lemos em Montevidéu, e um empate por 1x1 em Cali, conquistado apenas pelo gol salvado de Juan Carlos de Lima nos minutos finais, em uma partida que envolveu briga dentro e fora do estádio.

Após um longo trajeto, Nacional estava muito perto de conquistar a América mais uma vez. Clube chegava novamente a uma final, oito anos mais tarde de ter vencido pela segunda vez. Faltavam apenas dois jogos para que pudesse ser realizado novamente o sonho. Mas na final, não seria tão fácil. Newell's Old Boys estava novamente no caminho, e estava disposto a reverter o placar que havia ocorrido na terceira fase.

Os argentinos tinham uma equipe que podia lutar de igual pra igual com o Nacional. Liderados por José Yudica, campeão da América anos antes com o pequeno Argentinos Juniors e detentor de dois títulos argentinos, Newell's tinha grandes valores. Noberto Scoponi, grande ídolo leproso, estava no gol. Roberto Sensini era o xerife da zaga, e Gerardo Martino comandava de forma brilhante o meio-campo. No ataque, um trio poderoso: Roque Alfaro, que havia voltado após um tempo atuando fora, Sergio Almirón, retornando de uma curta passagem pela França, e um jovem que estava surgindo e encatado a todos: Gabriel Batistuta.

Como já tinha sido na terceira fase, o primeiro jogo da decisão não foi fácil. 45 mil se fizeram presentes no Gigante de Arroyito para apoiar o Newell's no que poderia ser sua primeira conquista de Libertadores. O gol de Jorge Gabrich aos 15 minutos do 2T fez o estádio explodir e deixar os argentinos mais perto do título.

Na partida de volta, a torcida tricolor fez o mesmo que seus adversários fizeram. Encheram o Centenário com mais de 75 mil pessoas presentes, e transformaram as arquibancadas em um caldeirão. E em um jogo perfeito de seus 11 homens em campo, o Nacional não deu nenhuma chance ao Newell's. Ernesto Vargas com apenas 13 minutos igualou tudo. Ainda no primeiro tempo, Santiago Ostolaza fez o segundo, e já na parte final, Hugo de León na marca do cal sacramentou a vitória e a terceira conquista da América aos tricolores.


1º jogo: Newell's Old Boys 1x0 Nacional. Estádio: Gigante de Arroyito, Rosário.

Newell's Old Boys: 1. Norberto Scoponi; 19. Darío Franco, 2. Jorge Theiler, 3. Roberto Sensini e 6. Jorge Pautasso; 5. Juan Manuel Llop, 8. Gerardo Martino (36'' 13. Miguel Fullana) e 10. Juan José Rossi; 9. Roque Alfaro, 11. Sergio Omar Almirón (46' 16. Jorge Gabrich) e 7. Gabriel Batistuta.
Treinador: José Yudica.

Nacional: 1. Jorge Seré; 20. José Luis Pintos Saldanha; 19. Hugo De León; 4. Felipe Revelez; 23. Carlos Soca; 14. Santiago Ostolaza, 5. Jorge Cardaccio e 8. Yubert Lemos; 9. Ernesto Vargas (44'' 21. Daniel Carreño), 6. Juan Carlos de Lima e 10. William Castro.
Treinador: Roberto Fleitas.

2º jogo: Nacional 3x0 Newell's Old Boys. Estádio: Centenário, Montevidéu.

Nacional: 1. Jorge Seré; 20. José Luis Pintos Saldanha; 19. Hugo De León; 4. Felipe Revelez; 23. Carlos Soca; 14. Santiago Ostolaza, 5. Jorge Cardaccio e 8. Yubert Lemos; 9. Ernesto Vargas (10'''' 21. Daniel Carreño), 6. Juan Carlos de Lima e 10. William Castro (9''' 7. Héctor Morán)
Treinador: Roberto Fleitas.

Newell's Old Boys: 1. Norberto Scoponi; 19. Darío Franco, 2. Jorge Theiler, 3. Roberto Sensini e 6. Jorge Pautasso; 5. Juan Manuel Llop (45'' 15. Victor Ramos), 8. Gerardo Martino e 10. Juan José Rossi; 9. Roque Alfaro, 16. Jorge Gabrich (46' 11. Sergio Omar Almirón) e 7. Gabriel Batistuta.
Treinador: José Yudica.

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