
Nascí no Uruguai, mais precisamente na capital. Fiquei apenas três meses lá, obviamente, não me lembro de nada. Fui criado no Brasil, sendo a família do meu pai uma família tipicamente carioca e família da minha mãe tipicamente uruguaia. Nunca aceitei o rótulo de ''brasileiro'', afinal, fui criado no Brasil e não me lembro de nada do meu país natal, não sei mais precisamente por que, acho que foi pela lembrança que eu tenho da minha família materna sempre tendo um amor sem fim pelo Uruguai e falando com um saudosismo enorme da terra que os pariu e criou.
Lógico que o blog não tem o intuito de contar sobre a minha vida. Essa breve introdução, que mais parece um ''quem sou eu'' do semi-falecido orkut serviu só pra dizer como foi difícil crescer no meio dos meus amigos que ganharam 2 Copas do Mundo, inúmeros jogos sobre meu Uruguai e viram jogadores espetaculares como Ronaldo e Romário vestirem a camisa da seleção. Na minha cabeça de criança, eu coloquei que eu jogaria futebol pra ir pra seleção e ajudar o Uruguai a levantar uma taça. E o pior é que isso evoluiu na minha cabeça e quando eu joguei em categorias de base, sempre foi minha meta. Não deu certo. E eu me limitei a ouvir que o Uruguai estava falido junto com a sua seleção, a ouvir que uruguaio é violento, entre outras coisas. Mas eu nunca abaixei a cabeça.
Ano passado, o mundo começou a conhecer o verdadeiro Uruguai. O Uruguai da garra, da raça, do coração, da entrega. São essas características que todo mundo associa à um jogador ou a seleção uruguaia. Mas nesse mesmo ano, o mundo começou a se render ao talento de jogadores como Forlán e Suárez e a genialidade ''del Maestro Tabárez” que começou um trabalho de formação desde as categorias de base da seleção, dentro e fora do campo. O jogo contra Gana foi mais que um jogo, foi uma lição de vida que foi capaz de arrancar lágrimas até de brasileiros que viam o jogo apenas pelo prazer do futebol. Sorte? Raça copera? Talvez.
2010 foi passando e foi chegando 2011. No início deste mesmo ano, a Celeste voltou a ser olímpica após 70 anos fora dos jogos. Neste mesmo ano, a América viu o Peñarol superando adversários infinitamente superiores na Libertadores e só parando no Santos de Neymar e cia. E meses antes do dia de hoje, o mundo viu a Celeste Sub-17 chegar numa final do Mundial da categoria pela primeira vez na história e parar nos mexicanos, donos da casa. Sorte? Raça? Talvez ainda. Nos meios de imprensa da América, o Uruguai era um dos favoritos pra Copa América, todos comentavam sobre uma possível volta do futebol uruguaio.
A resposta da pergunta que fiz no final dos dois últimos parágrafos foi dada hoje. Raça nunca nos faltou e a sorte, essa acompanha os competentes. Paramos de viver de nome, de viver de um jogo baseado no ''abafa''. Temos um padrão de jogo, temos dois jogadores que dão prazer de vê-los jogar, temos jogadores que superaram a desconfiança e calaram o mundo. Temos jogadores que jogam pela bandeira e pela camisa gloriosa que vestem, e não pela vaidade. Hoje, é um prazer ver a seleção uruguaia jogar. Hoje, eu vejo o mundo rendido ao talento da seleção que tanto escurraçaram quando eu era pequeno. Hoje, meu sonho de ver a camisa celeste no topo de uma competição foi realizado. E 2014 é logo ali, por que não? Gracias, Uruguay!
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